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Corretor aplica golpe da casa própria em clientes do Rio de Janeiro

  • igrpersonal
  • 7 de jun. de 2024
  • 6 min de leitura

Atualizado: 29 de ago.



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Créditos > Domingo Espectacular


revisado

Golpe do Corretor no Rio de Janeiro: O Sonho da Casa Própria que Virou Pesadelo

Um alerta importante para quem está pensando em comprar um imóvel: um corretor do Rio de Janeiro é suspeito de aplicar golpes em famílias humildes que sonhavam com a casa própria. Segundo denúncias, após o pagamento do valor acordado, com contrato assinado e firma reconhecida em cartório, o corretor simplesmente desaparecia.

Muitas vítimas acreditaram estar realizando o sonho da vida: sair de comunidades violentas e morar com mais segurança. “Achei que era uma facilidade, uma chance boa. Vendi o que tinha pra realizar esse sonho”, contou seu Manoel, uma das vítimas.

De acordo com a polícia, o corretor — identificado como Leonardo Gutenberg Faria — atuava nesse esquema há mais de quatro anos e já teria desviado cerca de R$ 500 mil. O golpe era bem articulado e se aproveitava da falta de conhecimento das vítimas sobre o processo legal de compra e venda de imóveis.


Como Funcionava o Golpe

Leonardo buscava imóveis anunciados diretamente pelos proprietários na internet. Se apresentava como corretor e oferecia ajuda para vender o imóvel. Conseguia, assim, acesso à documentação e às chaves. Com esses dados em mãos, ele refazia os anúncios — dessa vez em seu nome, com preços mais baixos e condições de pagamento atrativas.

As casas anunciadas estavam sempre vazias, o que facilitava a visita de potenciais compradores sem levantar suspeitas. O verdadeiro proprietário nunca estava presente. As negociações começavam por mensagens de texto. Leonardo pressionava os clientes para fechar o negócio rapidamente. Em um dos diálogos, ele afirma: “Tenho essa casa boa, mas vai vender logo”.

Quando o cliente aceitava a proposta, ele preparava um contrato de compra e venda com valores bem definidos. Um exemplo é o de uma casa de R$ 100 mil, com entrada de R$ 65 mil e o restante parcelado em R$ 500 mensais. Esse contrato era assinado em cartório, com firma reconhecida — o que dava a falsa impressão de legalidade.


A Falsa Propriedade

Os documentos sempre apontavam uma mesma mulher como proprietária: Juliana Pereira de Andrade. Ela só aparecia no cartório no dia da assinatura do contrato. Os valores pagos pelas vítimas eram depositados diretamente em sua conta. Inicialmente, Leonardo dizia que Juliana era apenas sua cliente. Mais tarde, as vítimas descobriram, por conta própria, que os dois eram casados, tinham filhos juntos e viviam como uma família.

Apesar de os contratos terem firma reconhecida em cartório, eles não tinham validade legal sobre o imóvel, já que não havia escritura pública e nenhum registro oficial da transferência de propriedade. Segundo a polícia, Leonardo usava o cartório apenas para dar um ar de legitimidade à fraude.


Vítimas, Prejuízos e Impunidade

Pelo menos 15 pessoas já prestaram queixa. Os crimes atribuídos a Leonardo incluem estelionato, apropriação indébita e falsidade ideológica. No entanto, a justiça negou o pedido de prisão preventiva, e o suspeito responde em liberdade — e, segundo as investigações, continua aplicando golpes.

A mãe de Aline, outra vítima, também acreditou estar diante de uma negociação segura. Ela foi até o endereço informado por Leonardo, que dizia ser seu escritório. O local era, na verdade, a sede do CRECI-RJ (Conselho Regional de Corretores de Imóveis). Leonardo usava o espaço clandestinamente para dar mais credibilidade ao golpe.

O assessor jurídico do CRECI informou que processos administrativos foram abertos e já houve decisões pela cassação do registro profissional de Leonardo. No entanto, ele recorreu, e o caso segue em julgamento no Conselho Federal de Corretores.

Enquanto isso, famílias como a de seu Manoel seguem sofrendo as consequências. Eles perderam os R$ 65 mil da entrada e hoje pagam R$ 800 de aluguel. “Eu nunca vi meu pai chorar. Só vi quando meus irmãos morreram. E agora, ele chorou”, desabafou uma das filhas.

Outra vítima calcula um prejuízo de R$ 85 mil: “Dinheiro que eu juntei por toda a vida”.


Coação e Ameaças

Algumas vítimas relataram que, ao saber das denúncias, Leonardo tentou coagi-las. Uma pessoa afirmou que ele chegou a jogar o carro em cima dela. Em áudios gravados, ele tenta convencer uma vítima a retirar a denúncia, dizendo que só devolveria o dinheiro se a queixa fosse retirada.


A Versão do Suspeito

Por telefone, Leonardo afirmou que tentava realizar as vendas, mas que os compradores não conseguiam o financiamento, e que, por isso, as compras não se concretizavam. Negou que tivesse deixado de prestar atendimento ou devolver valores.

Quanto às casas em nome da esposa, disse que foram adquiridas para revenda, como sempre fizeram. No entanto, registros oficiais mostram que nenhum dos imóveis está, ou esteve, no nome de Juliana ou Leonardo.


Como se Proteger

Especialistas alertam: ao comprar um imóvel, jamais entregue dinheiro de entrada sem antes verificar toda a documentação, tanto do imóvel quanto dos vendedores. O pagamento só deve ser feito na assinatura da escritura pública no cartório.


O Pedido das Vítimas

As vítimas agora lutam para reaver os valores e buscam justiça. “O que eu quero agora? Justiça. Eu quero ele na cadeia.”



Quando o Sonho Vira Pesadelo: Análise de um Golpe Imobiliário no Rio de Janeiro

Introdução

O caso do corretor Leonardo Gutenberg Faria, acusado de aplicar golpes em dezenas de famílias humildes no Rio de Janeiro, vai além de uma simples fraude. Trata-se de um retrato doloroso da vulnerabilidade social, da falta de conhecimento jurídico e da confiança depositada em quem não merece. Ao prometer a realização do sonho da casa própria, Leonardo se aproveitou da boa-fé de pessoas simples, que acabaram perdendo tudo — inclusive a confiança no sistema.

Neste artigo, analisamos as motivações do criminoso, as falhas cometidas pelas vítimas e, principalmente, as medidas que poderiam ter evitado essa tragédia financeira e emocional.


1. Motivações e Implicações do Golpe

Leonardo agiu movido por três elementos centrais: ganância, impunidade e oportunidade.

  • Ganância: O lucro fácil foi o combustível do golpe. Com um esquema bem estruturado, o corretor se aproveitava do desejo legítimo das famílias de conquistar um lar digno. Ele manipulava documentos, usava imóveis alheios e oferecia condições “imperdíveis” para atrair as vítimas.

  • Impunidade percebida: O fato de operar durante anos, com múltiplas vítimas, sem ser detido, reforça a percepção de que o criminoso acreditava que não enfrentaria consequências reais. Essa sensação de imunidade à lei é comum entre estelionatários recorrentes.

  • Oportunidade: Leonardo encontrou terreno fértil entre pessoas com pouco acesso a informação jurídica e recursos de checagem. Com contratos reconhecidos em cartório e presença em locais oficiais como o CRECI-RJ, ele criou uma aparência convincente de legalidade.

As implicações desse golpe vão além do prejuízo financeiro. As vítimas relatam traumas emocionais profundos, sensação de humilhação e, em alguns casos, desestruturação familiar. Trata-se de uma forma de violência que afeta o psicológico e compromete o futuro financeiro de famílias inteiras.


2. Falhas das Pessoas Afetadas

Embora as vítimas tenham agido com boa-fé, algumas falhas foram determinantes para que o golpe fosse bem-sucedido. É importante pontuá-las não como críticas, mas como lições valiosas:

  • Ausência de verificação documental completa: Muitas vítimas não exigiram a apresentação da matrícula atualizada do imóvel, que comprova a verdadeira titularidade. Esse é o documento fundamental para confirmar se o vendedor é de fato o proprietário.

  • Confiança excessiva em aparências: O contrato reconhecido em cartório e a presença no CRECI-RJ foram interpretados como garantias de legalidade. No entanto, o reconhecimento de firma em contrato particular não tem poder de transferir propriedade, apenas autentica assinaturas.

  • Depósito de valores antes da escritura pública: Um erro comum foi o pagamento de altos valores antes da assinatura da escritura definitiva. A entrada deveria ser dada apenas no ato da escritura, quando a transação é oficializada legalmente.

  • Falta de assessoria jurídica: Nenhuma das vítimas contratou advogado ou despachante especializado para orientar na negociação. Esse apoio, embora tenha um custo, teria evitado prejuízos incomparavelmente maiores.


3. O Que Deveria Ter Sido Feito para Evitar o Golpe

Esse tipo de golpe poderia ter sido evitado com algumas precauções fundamentais no processo de compra de imóveis. Abaixo, destacamos as medidas mais importantes:

A) Verificação da propriedade e situação do imóvel

  • Solicitar a certidão de matrícula atualizada, emitida pelo cartório de registro de imóveis. Ela informa quem é o verdadeiro dono, se há pendências judiciais, hipotecas ou outros impedimentos.

B) Conferência da regularidade do corretor

  • Consultar o número do CRECI no site oficial do Conselho Regional. Verificar se o profissional está regular e habilitado para atuar.

C) Assessoria jurídica e cautela documental

  • Contar com um advogado ou consultor imobiliário especializado é fundamental para revisar documentos, contratos e certidões.

D) Nunca pagar sinal ou entrada antes da escritura pública

  • A entrada só deve ser paga no momento da assinatura da escritura pública, com todas as partes legalmente presentes e com os documentos já conferidos.

E) Desconfie de “boas oportunidades”

  • Imóveis muito abaixo do preço de mercado ou com facilidades exageradas geralmente escondem armadilhas. Toda oferta que parece “boa demais para ser verdade” merece ser investigada com mais rigor.


Conclusão

O golpe de Leonardo Gutenberg Faria expõe não apenas a ação de um criminoso oportunista, mas também uma falha estrutural no acesso à informação, à justiça e à educação financeira e jurídica por parte da população. A responsabilidade primária é do golpista, mas a prevenção exige vigilância ativa das vítimas e mais fiscalização dos órgãos competentes.

Em tempos em que a compra da casa própria representa um marco na vida das famílias, é urgente ampliar a conscientização sobre os cuidados legais necessários nesse tipo de transação. Afinal, o sonho da casa própria não pode continuar sendo o alvo predileto de estelionatários.

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